2008-07-29

"Navaia"

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Navaia coração adentro
é meu amor por Nataia
Machuca de tão atento
o coração que me faia

E já me faz tanto tempo
que não a vejo de saia
que os verso é só desalento
e os canto viraram vaia

Então a levo aqui dentro
em vão lhe elevo altares
Menina que é deusa maia
por quem cruzei tantos mares

Eu quero tanto a Nataia
soprando coração adentro
seu peito de deusa maia
no meu feito só de vento


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Caros amigos e amigas das terras lusitanas...

a região nordestina do Brasil (duas vezes maior do que, por exemplo, França ou Alemanha), possui clima semi-árido, povo sofrido e varonil. Vive também algumas peculiaridades na pronúncia e escrita das nossas palavras em idioma Português.

Por exemplo, navalha se torna "navaia" e Natália, por sua vez, "Nataia". Falha, neste poema acima, se torna "faia". Na poesia nordestina (denominada "poesia de cordel", ou ainda "poesia de repente") existe uma preocupação especial com o ritmo e a repetição de uma mesma rima, enquanto regras como regência e concordância são por vezes ignoradas.

Os poetas desta região, o sertão nordestino, são chamados repentistas e fazem suas obras em disputas públicas, os "repentes", de modo similar aos "rappers" estadunidenses (embora haja repentistas já há mais séculos do que quaisquer rappers).

Eis a riqueza de matizes de nosso idioma lusitano. Abraços e Paz!

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cantodothiago@hotmail.com

http://poemasdoabismo.blogspot.com/

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2008-07-24



DEUS

Deus é a fronteira do nosso paradoxo.
Sendo inteligência pura, existe para lá da compreensão.
E se compreensão é entendimento,
e se entendo o que compreendo
Ao pensar entende-lo
já não é Deus
o que de Deus entendo.
Quem diz que entende Deus,
olha para dentro.
e tem um Deus a um canto
arrumado
Acertado
domesticado.
um Deus à medida.
Melhor fariam negá-lo
Um Deus do Não
existindo
Ao ser a negação de si mesmo
Seria não sendo
o Ser que não compreendo
e a que chamo de silêncio
quando nele não penso.

Charlie
(Carlos Luanda)

2008-07-15

vala

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não há lâmina para um corte tão fundo
nem prédio tão alto, nem ponte nem salto
se eu não tenho peso, se eu não peso nada
se me tomam de assalto
se eu não valho nem somo,
se eu só tomo valium
so far, sou fardo,
falso fim-da-estrada
e mais dia, menos dia
vou me desaparecer
fardada.

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cantodothiago@hotmail.com
http://poemasdoabismo.blogspot.com/

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